terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fisiologia do Exercício

> SISTEMAS ENERGÉTICOS


As fibras musculares, por sua vez, irão depender dos sistemas de fornecimento de energia para a formação do ATP (composto químico chamado Adenosina Trifosfato), que é o combustível necessário para a contração muscular e trabalho biológico. Este combustível fica armazenado dentro das células musculares (fibras), sendo capaz de transformar energia química em energia mecânica.
As fibras musculares têm uma quantidade limitada de ATP (cerca de 3-4s de esforço máximo). Após sua depleção (esgotamento), para que a atividade prossiga, é necessário que ocorra a ressíntese do mesmo, pois o ATP é usado e regenerado constantemente.

ATP-CP ou Fosfagênio - Energia imediata

Após a depleção do ATP o fornecimento de energia será atendido pelo sistema anaeróbico alático (sem acúmulo de ácido lático, inibidor da contração muscular), utilizando a CP (creatina fosfato) para a ressíntese do ATP.
A CP é semelhante ao ATP por também possuir uma ligação de alta energia no grupo fosfato, representando a fonte de energia mais rápida a ser usada pela musculatura, por não depender de muitas reações químicas.
A depleção dos estoques intramusculares de Fosfagênio ocorrerá após aproximadamente 10 segundos de exercício extenuante (> 100% do VO2 máx). Este sistema energético predomina em modalidades como 100 m rasos e piques no futebol.
Cada quilograma de músculo esquelético contém de 3 a 8 mmol de ATP e quatro a cinco vezes mais de CP. (Mcardle, Katch F. e Katck V.)

Glicólise Anaeróbia (Ácido Lático)- Energia a curto prazo

A depleção do Fosfagênio fará com que se faça o uso do sistema anaeróbio lático (com acúmulo de ácido lático), para a ressíntese do ATP.
A Glicólise Anaeróbia provoca a quebra incompleta do carboidrato em glicose, podendo ser usado desta forma imediatamente ou armazenado no músculo e no fígado como glicogênio, para uso subseqüente. Quanto maior for a quantidade de glicogênio estocado, maior será a capacidade de resistir a exercícios de alta intensidade.
O acúmulo de ácido lático causará a fadiga muscular, sendo necessário a utilização de oxigênio para fazer a remoção do lactato sanguíneo e conseqüente redução da intensidade do exercício. O fornecimento de energia através da Glicólise anaeróbia cessará após cerca de 1,5 ou 2 minutos de esforço intenso (entre 85 a 100% do VO2 máx.). O sistema glicolítico predomina em modalidades como 400m rasos no atletismo e 100m na natação.

Sistema Aeróbio - Energia a longo prazo

Com o fim da utilização predominante do metabolismo glicolítico (anaeróbio) - que acontece pelo acúmulo de ácido lático e não apenas pela depleção de carboidratos (glicogênio) - só o sistema aeróbio (dependente de O²) será capaz de fornecer o ATP necessário para exercícios de longa duração, já que o ácido lático sanguíneo não alcança níveis muito altos em ritmo estável (steady-state).
A partir dos 20 ou 30 minutos de exercício contínuo, o fornecimento de energia passa a ser feito também pelos ácidos graxos (gordura), começando então a queima de gordura propriamente dita. Essa demora é devida ao grande número de reações químicas que ocorrem durante o exercício aeróbio.
O ATP-CP e a Glicólise anaeróbia também participam no exercício de longa duração, porém só no início do exercício, onde se contrai um débito de oxigênio, antes de se alcançar um novo steady-state. Ao se elevar a intensidade do exercício, os fosfatos de alta energia e a glicólise anaeróbica entram em ação novamente. Os sprints dos maratonistas de elite no fim das provas explicam a reutilização do sistema glicolítico.
Em casos extremos de provas de resistência (dias de corrida), as proteínas podem exercer papel significativo na produção de energia, mas precisam primeiro ser transformadas em aminoácidos para serem absorvidas mais facilmente pelo organismo.

1 MOL de carboidrato é capaz de produzir : 38 ATP
1 MOL de gordura é capaz de produzir : 142 ATP
1 MOL de proteína é capaz de produzir : 15 ATP

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mitos sobre nutrição no futebol

Deve-se escolher adequadamente os alimentos que fornecerão mais energia para os músculos

GSSI

Mito número 1 ? Alimentos e bebidas que se consome não alteram o desempenho no futebolA verdade é que, se não se tomar cuidado com o que se ingere, corre-se menos e mais lentamente, tomam-se decisões erradas, toca-se menos na bola, marcam-se menos gols e perdem-se mais oportunidades durante a partida.

Mito número 2 ? Se algum nutriente é fundamental para o futebol, é a proteína e não o carboidratoCom raras exceções, pode-se obter proteína em quantidade suficiente na dieta normal das pessoas. Mas, na maioria dos times, os jogadores comem pouquíssimo carboidrato, o nutriente mais importante na dieta de jogadores de futebol bem sucedidos. Sprints e corridas intensas, rapidamente, esgotam o glicogênio armazenado (carboidrato) no músculo e no fígado. Para repor esse glicogênio, deve-se privilegiar alimentos ricos em carboidratos em sua dieta diária, principalmente, durante as 24h que antecedem uma partida e durante as primeiras horas de recuperação de jogos ou sessões de treinos intensos. Algumas dicas:? A dieta diária, durante a temporada, deve incluir de oito a 10 gramas de carboidratos por quilograma de peso corporal. Cereais, pães e massas são boas fontes de carboidratos.? Aproximadamente quatro horas antes do jogo, faça uma refeição que inclua alimentos ricos em carboidratos, facilmente digeríveis, como massas, por exemplo. Evite alimentos fritos e aqueles com molhos gordurosos, porque as gorduras são digeridas lentamente. Se o atleta tem tendência a ficar nervoso antes de uma partida, é interessante que se pense em uma refeição líquida, de fácil digestão como um milkshake nutritivo que contenha de 60 a 70% das calorias provenientes de carboidratos.? Aproximadamente duas horas antes de um jogo ou de uma sessão de treinamento, beba de 500 a 600 ml de uma bebida esportiva, contendo eletrólitos e de 5 a 7% de carboidratos. Isso irá fornecer algum carboidrato de última hora e uma reserva de segurança de líquidos para o corpo.Durante as interrupções para tratar de lesões e penalidades, e durante o intervalo, deve-se consumir, de maneira confortável, bebidas esportivas com carboidratos e eletrólitos. Assim que tiver oportunidade, após o jogo ou sessão intensa de treinos, é interessante ingerir alimentos e bebidas ricos em carboidratos para, rapidamente, começar a repor os estoques de glicogênio. Após o exercício, um pouco de proteína é bom, mas sem exageros. Deve-se ter como objetivo consumir o suficiente de carboidratos (de oito a 10 g/kg) nas 24h após uma partida.

Mito número 3 ? Beber líquidos durante treinos e jogos não é essencialSe o treino e/ou o jogo são vigorosos, perde-se muito suor, principalmente quando a temperatura está quente e úmida. Parte da água presente no suor provém do sangue e a última coisa que se quer é que haja redução do volume sangüíneo (volemia).O sangue transporta oxigênio e nutrientes para os músculos, remove ácido lático e outras substâncias e transfere calor dos músculos para a pele, onde o calor é liberado para o ar.Se não houver a reposição da maior parte dos líquidos perdidos no suor, o desempenho será prejudicado e pode-se ter cãibras musculares, exaustão pelo calor e até mesmo insolação.Cada jogador deve ter um reservatório individual de líquidos gelados e bem identificados, e esses devem ficar nas laterais, a cada 20 metros, prontamente disponíveis para um gole rápido durante as interrupções do jogo.

Mito número 4 ? A água é a melhor bebida para reposição de líquidosEstudos científicos provaram que a reposição das perdas pelo suor com uma bebida esportiva contendo carboidratos e eletrólitos é, realmente, vantajosa se comparada com a água. Além de fornecerem energia, carboidratos combinados com eletrólitos, elas estimulam a sede e repõem as perdas hídricas mais rapidamente que a água.

Mito número 5 ? Desde que se beba sempre que sentir sede, receberei líquidos suficientesA sede não é um bom indicador das necessidades de líquidos, portanto, deve-se forçar a beber o mais precoce e frequentemente possível, sempre que o jogo for interrompido.O objetivo deve ser nunca perder mais que 1,5% do peso corporal durante um treino ou jogo. Em outras palavras, se um atleta pesar 70 kg antes de um treino ou partida, ele não deve ter mais do que 1,05 kg a menos depois dos mesmos.Para determinar com mais precisão quanto se deve beber, deve-se pesar o indivíduo antes e depois do treino e medir o volume de líquidos que ele ingere, se ingerir algum. Se perder mais que 1,5% do seu peso terá que beber mais. Se, por outro lado, ganhar peso, deve beber menos. Para rapidamente repor líquidos e eletrólitos como o sódio e potássio depois de um jogo ou treino, beba aproximadamente 50% a mais daquilo que perdeu.O motivo disso é que a ingestão estimula a formação de urina, e os líquidos adicionais são necessários para compensar essa perda. As bebidas esportivas são melhores que a água para promover a reidratação rápida, porque estimulam a ingestão e fazem com que a produção de urina seja menor.

Mito número 6 ? Depois de uma partida fora de casa, pode-se comer o que quiser nos restaurantes Mesmo quando o time é levado para um restaurante com sistema de buffet ou para uma praça de alimentação onde há boas opções disponíveis, muitos jogadores não fazem boas escolhas.A ideia é se preparar para a partida seguinte. Deve-se escolher adequadamente os alimentos - muito carboidrato, pouca gordura ? que fornecerão mais energia para os músculos, o que significa melhor desempenho para o jogo seguinte.Se o jogador não tiver certeza sobre que alimentos são ricos em carboidratos e pobres em gordura, ele deve pedir ajuda. O ideal é um nutricionista da equipe, mas o médico, o preparador físico ou o técnico também podem ajudá-lo com bons conselhos.
Fonte: Gatorade Sports Science Institute - http://www.gssi.com.br/
Bioenergética: base da fisiologia do esforço
Breve revisão da literatura a respeito, com uma abordagem sobre os sistemas energéticos de produção de energia
Luis Felipe T. Polito, Victor Hugo Moreira Milesi
O estudo da fisiologia do corpo humano e preparação física esportiva é uma das áreas de conhecimento do movimento humano que mais cresceu nas últimas décadas. Muitas dúvidas importantes foram respondidas no assunto, e ainda assim existem muitas controvérsias e teorias que vêm sendo analisadas para uma melhor explicação aos variados processos desse universo em miniatura, o corpo humano. Este artigo tem como objetivo fazer breve revisão da literatura a respeito da fisiologia do esporte abordando os principais aspectos dos sistemas que são responsáveis pela prática de toda e qualquer modalidade esportiva, em toda e qualquer categoria - os sistemas energéticos de produção de energia.
Como se sabe, para o corpo humano realizar suas atividades ele utiliza ATP (adenosina trifosfato), que nada mais é que uma adenosina ligada a três grupos fosfatos. Quando a enzima ATPase liga-se à molécula de ATP, rompe-se desta um fosfato inorgânico (Pi), formando um ADP + Pi (adenosina difosfato + fosfato inorgânico). Essa reação fornece cerca de 7,6 kcal. É a partir daí que o ciclo ATP-CP se inicia. Um mol de fosfocreatina (CP) liga-se à enzima creatina quinase (CK), ocorrendo o rompimento na ligação dos elementos, fornecendo energia (CP => C + Pi + energia). Esta energia fornecida na quebra da fosfocreatina é utilizada para ligar o Pi com o ADP, "recriando" um ATP (ADP + energia + Pi => ATP). Tal sistema tem como função apenas manter as concentrações de ATP (diminuindo a concentração de CP) e não necessita de O2, por isso se diz anaeróbio. Tal mecanismo pode fornecer energia de 3 a 15 segundos em uma atividade física intensa. (WILMORE; COSTILL; 2001).
Em termos práticos, pode-se dizer que o sistema anaeróbio alático (sem produção de ácido lático) ocorre nos jogadores de futebol quando os mesmos realizam sprint máximo ou nos atletas de 100 m rasos do atletismo, atletas de 50 m livres da natação e assim por diante. Esse é o sistema mais simples que o organismo humano possui para síntese de energia e ressíntese de ATP. Quando a creatina fosfato depleta ou quando o tempo de duração da atividade for mais prolongado, o músculo passa por outros sistemas de produção de energia mais complexos: a glicólise e a fosforilação oxidativa.
No sistema glicolítico, ocorre a glicólise ("quebra" de glicose ou glicogênio) no hialoplasma. O carboidrato passa por 12 reações envolvendo enzimas glicolíticas até ser degradado em duas moléculas de ácido pirúvico, tendo como saldo a produção de três ATPs (quando utilizado glicogênio) ou dois ATPs (quando utilizada a glicose). Após a formação dos dois ácidos pirúvicos, podem ocorrer dois processos: primeiramente, o ácido cai no sistema oxidativo (que veremos a seguir) se puder ser reagido com o oxigênio e houver tempo para isso. O outro processo é a combinação das duas moléculas de ácido pirúvico com os íons hidrogênio para formação do ácido lático, sendo este o primeiro processo de tamponamento do hidrogênio.
Quanto maior a quantidade de hidrogênio, menor o pH e mais ácido se torna o meio, fazendo com que algumas enzimas percam suas atividades. Assim, o hidrogênio inibe a glicólise e suas reações, não havendo, portanto, produção de ATP. Além disso, a acidez reduz a capacidade das fibras ligarem-se ao cálcio, impedindo a contração muscular. O segundo processo de tamponamento do hidrogênio é a combinação do bicarbonato de sódio com o ácido lático, formando lactato de sódio e ácido carbônico, que logo se dissocia em água e dióxido de carbono.
Contudo, o excesso de ácido láctico não é o responsável pela fadiga muscular e nem pela cãibra, como o senso popular acredita. A cãibra muscular até hoje é uma dúvida das ciências do esporte, pois não se sabe com certeza qual mecanismo é o mais determinante para que ela ocorra. Porém, a ciência já sabe que a cãibra pode ser causada por quatro fatores diferentes: acúmulo de subprodutos metabólicos (hidrogênio); falha nos mecanismos de contração muscular (sódio ou potássio, principalmente sódio, que aparece em maior quantidade no suor); falta de substratos energéticos, que nada mais é do que a falta de carboidrato ou gordura para a geração de energia (principalmente a falta de carboidrato), sendo este um dos motivos pelo quais os jogadores de futebol não poderem atuar todo dia, fornecendo ao organismo o tempo necessário para a recomposição dos estoques de glicogênio; e o último possível motivo da cãibra é a fadiga do sistema nervoso central, onde o próprio sistema nervoso apresenta maior dificuldade em manter a eficiência dos movimentos ou dos gestos desportivos (POLITO, 2008).
Segue abaixo figura ilustrativa das reações químicas envolvidas na glicólise anaeróbia ou sistema glicolítico.O sistema glicolítico é muito utilizado em modalidade de velocidade, como os 400 m rasos do atletismo, pois é um sistema de rápidas reações. Porém, ao mesmo tempo é um sistema limitado, já que provoca acidose metabólica, gerando a fadiga muscular. O sistema glicolítico possui tempo de ação de aproximadamente um minuto, enquanto isso, o sistema energético mais prolongado que existe até hoje descoberto pelas Ciências do Desporto é o sistema oxidativo.
O sistema oxidativo é composto de várias reações químicas, não sendo o objetivo do presente artigo dar conta de todas elas, mas sim fazer um exposição geral acerca do funcionamento desse sistema. O produto final da glicólise (ácido pirúvico) ingressa na mitocôndria. Cada molécula desse ácido possui três átomos de carbono. O ácido pirúvico perde uma molécula de CO2 (eliminado para o ambiente pelos pulmões), convertendo-se em ácido acético, com dois átomos de carbono. Este se une a uma substância chamada Coenzima A, formando o acetil-CoA. Antes de prosseguir, é importante ressaltar que no ciclo de Krebs, o acetil-CoA (que advém do CHO ou da gordura) precisa formar citrato e, para isso, junta-se ao oxaloacetato (OAA, formado por glicose).
Por isso, chega-se à conclusão de que para a utilização da gordura para síntese de energia, o organismo necessita de qualquer forma de glicose, "desmitificando" a teoria de que uma pessoa pode emagrecer em jejum, por exemplo, pois no estado de restrição alimentar esta pessoa estaria com sua taxa de açúcar depletada no organismo. (COSTA; MARQUEZZI, 2008).
Após esse ciclo, o NADH2 e o FADH2, antes surgidos, entrarão em uma cadeia de transportes de elétrons (a cadeia respiratória), onde uma série de reações promove a liberação de energia dos elétrons. Finalmente essa energia é canalizada para a síntese de ATP (ADP + energia + Pi => ATP) no processo de fosforilação oxidativa. Agora, os prótons e elétrons transportados na cadeia respiratória unem-se ao O2, formando água e evitando assim qualquer acidificação no interior das células. Nesse momento, são formados 38 ou 39 ATP caso seja utilizada a glicose ou o glicogênio, respectivamente, sendo por este motivo que recebe o nome de oxidação de carboidrato.
Contudo, sabe-se que, como o carboidrato, a gordura também contribui para as necessidades energéticas dos músculos. As reservas do glicogênio muscular e hepático são capazes de fornecer 1.200 a 2.000 kcal de energia, mas as gorduras armazenadas no interior das fibras musculares podem fornecer pelo menos 70.000 a 75.000 kcal, mesmo num adulto magro.
Os ácidos graxos provenientes dos triglicerídeos passam pela chamada Beta-Oxidação (ß-oxidação), em que há um catabolismo enzimático feito pelas mitocôndrias, gerando ácido acético. Cada um deste transforma-se em acetil-CoA, passando a partir de então pelo mesmo ciclo antes explicado (ciclo de Krebs).
Não se deve descartar a ideia de que certa quantidade de gordura fornece muito mais energia que uma mesma quantidade de carboidrato, devido à maior formação de acetil-CoA.
A proteína muitas vezes também é utilizada para síntese de energia. Alguns aminoácidos podem ser convertidos em glicose através da gliconeogênese, e a partir disso entrarem no processo oxidativo como acetil-CoA. O uso da proteína muitas vezes pode degradar o músculo de um atleta mal alimentado, pois na falta de carboidrato ou gordura para oxidar, a proteína formadora da massa magra (músculos) também é oxidada, deixando o atleta mais fraco fisicamente.Figura 2: O metabolismo de gordura, de carboidrato e de proteína é reduzido a acetil-CoA e entra no ciclo de Krebs.
Pode-se dizer, com segurança, que o presente artigo alcançou seus objetivos, expondo os principais aspectos da base da Fisiologia do Exercicio: a Bioenergética.
Bibliografia
COSTA, A. S. & MARQUEZI, M. L. Implicações do jejum e restrição de carboidratos sobre a oxidação de substratos. Revista Mackenzie de cãocação Física e Esporte, v. 7, n. 1, 2008. P.119-129.
POLITO, L. F. T. A verdade sobre o potássio, a cãibra e a banana: será o potássio o herói e a banana a vilã? Universidade do Futebol. http://cidadedofutebol.com.br/Universidade/Web/Site/index_area_saude.asp?arq=artigo.asp&id_cont=1615. Acesso em 26/08/2008 às 13:46.
WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2ª ed. São Paulo, Manole, 2001. 709 p.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009


FADIGA MUSCULAR

A fadiga está diretamente relacionada a um desajuste entre a velocidade em que o músculo utiliza a ATP e a velocidade com que ela pode ser suprida. Os mecanismos de fadiga muscular reduzem a velocidade de utilização de ATP mais rapidamente que a velocidade de geração de ATP para preservar a concentração de ATP e a homeostasia celular. Em si, a fadiga é simplesmente uma incapacidade de manutenção de produção de potência ou de força durante contrações musculares repetidas.O exercício de alta intensidade e de curta duração ou o exercício sub-máximo prolongado podem acarretar o declínio da produção de força muscular. Essa diminuição de produção de força muscular é conhecida como fadiga. Especificamente, a fadiga muscular é conhecida como redução da produção da força máxima do músculo e caracterizada pela capacidade reduzida de realizar um determinado trabalho muscular.A causa da fadiga muscular varia e depende do tipo de exercício realizado. Por exemplo: a fadiga resultante do exercício de alta intensidade (corrida de 400 metros ) parece decorrer de um acúmulo de fosfato inorgânico e de íons de hidrogênio no interior da fibra muscular. O acúmulo desses metabólitos interage com as proteínas contráteis e reduz a produção de força muscular.Em contraste a fadiga resultante do exercício prolongado (como a maratona) pode promover a falha do acoplamento excitação – contração. Parece que isso se deve a uma redução da liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático. A redução da liberação de cálcio resulta numa menor quantidade de pontes cruzadas de miosina no estado de ligação forte (estado de geração de força) e, consequëntemente, na redução da produção de força.Segundo Yakovlev (1979), são comuns todas as formas de fadiga: a redução na atividade da miosina ATPase, a capacidade das fibras musculares absorverem íons de cálcio, a dilaceração do equilíbrio de ATP nos músculos e nas zonas motoras do córtex cerebral. Todas estas mudanças limitam a capacidade de contrair e relaxar os músculos.Sabe-se ainda que a fadiga muscular será menor em indivíduos altamente treinados, devido a adaptação muscular, que favorece melhores rendimentos, mas também porque o processo de treinamento físico melhora as funções musculares. Desta maneira, ocorrerá uma diminuição na tendência do indivíduo em desenvolver a fadiga.

sábado, 8 de agosto de 2009

Joelho: Lesões, principais formas de tratamento e prevenção

O joelho é uma das maiores articulações do corpo humano e também uma das que mais sofre lesões. Essa articulação é formada pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia, patela, ligamentos, meniscos e tendões de músculos que o cruzam. O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto (entorse), além de ser lesionado principalmente pelo excesso de uso ou uso inadequado (regiões condrais e tendíneas são as mais acometidas).
Nos Estados Unidos e Canadá mais de 4 milhões de pessoas necessitam, anualmente, de tratamento médico para as patologias do joelho. As lesões no joelho são muito comuns no meio esportivo. Atletas das modalidades que possuem corridas e/ou saltos, geralmente se queixam de dores em algum estágio de suas vidas competitivas, muitas vezes tendo que abandonar o esporte. Os atletas recreativos ou mesmo praticantes de academias, também são acometidos a estas lesões. Praticamente todas as estruturas do joelho podem ser lesionadas, neste texto daremos enfoque às lesões mais comuns: Lesões ligamentares (distensões), tendinite patelar, condromalácia patelar e lesões dos meniscos.
Lesões ligamentares
Existem quatro grandes ligamentos no joelho: Ligamento Cruzado Anterior (LCA), Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Ligamento Colateral Medial (LCM) e Ligamento Colateral Lateral (LCL). Dentre os quais a maior incidência de lesões ocorre no LCA e no LCM. O joelho é estável em extensão, passível de rotação axial (quando flexionado), fazendo com que essa articulação seja menos estável na flexão. Quanto às lesões, o estiramento dos ligamentos é uma das mais comuns nos tecidos moles do joelho, podendo ser classificado como:
1º Grau - Leve estiramento, com pequena tumefação e sem perda da estabilidade. Neste caso o ligamento permanece íntegro e após o trauma o indivíduo consegue andar. A dor acontece somente no movimento e, em alguns casos, ao toque.
2º Grau - Estiramento de cerca de 50% das fibras, presença de sinais flogísticos, com grande dificuldade de movimentos, sendo a estabilidade preservada na maioria dos casos.
3º Grau - Estiramento de cerca de 75% das fibras, com presença de hematoma acentuado e perda da estabilidade, com diástese de 10mm.
4º Grau - Ruptura ligamentar total ou avulsão, com rompimento da cápsula e possível ruptura meniscal que consiste em uma lesão grave.
Distensão do ligamento cruzado anterior (LCA)
A ruptura isolada do LCA pode acontecer, porém geralmente, é mais comum que esse ligamento seja danificado junto com outros ligamentos e/ou cornos posteriores de menisco. O mecanismo básico da lesão do LCA envolve a hiperextensão do joelho, como por exemplo, um golpe direto na parte frontal do fêmur com o pé fixo no chão. O LCA também se distende em atividades que exigem mudanças rápidas de direção como no futebol, handebol e basquete (momento da “finta” ou em freadas rápidas, arrancadas) e em esportes de salto quando não acontece uma aterrissagem firme. Durante a reabilitação deve-se evitar alongamentos agressivos dos isquiotibiais e os exercícios devem ser executados inicialmente com os joelhos ligeiramente flexionados.
Os exercícios de cadeia cinética fechada são mais indicados. O fortalecimento dos isquiotibias é de suma importância, uma vez que eles ajudam na estabilização do joelho. Atualmente a reabilitação desse tipo de lesão tem sido feita utilizando o agachamento como principal exercício, pois durante sua execução não existe forças tensionais significativas no LCA. Isso se deve em parte pela moderada ativação dos isquiotibiais que ajudam a aliviar a tensão no LCA devido ao mecanismo de co-contração (ESCAMILLA, 2001).
O interessante é que à medida que aumenta-se o ângulo de flexão de joelhos aumenta-se a contração dos isquiotibiais, fazendo com que o agachamento profundo possa ser utilizado em estágios mais avançados de recuperação. A frouxidão ligamentar do LCA lesionado pode ser controlado em exercício de cadeia cinética fechada (ECCF) mas, não em exercício de cadeia cinética aberta (ECCA) (KVIST & GILLQUIST, 2001). Durante o agachamento a maior compressão no LCA acorre nos ângulos menores que 50 graus (TOUTOUNGI et al, 2000).
Distensão do ligamento colateral medial (LCM)
Uma das lesões mais comuns no esporte. Geralmente é resultante de uma força externa direcionada ao aspecto lateral do joelho, ou seja, ocorre muitas vezes por trauma na face lateral (externa), sendo relacionada a esportes como o futebol, judô, karatê, etc. O tratamento consiste em fortalecer todos os músculos que cruzam a articulação dos joelhos (quadríceps, isquiotibiais, adutores e abdutores) isso após a interrupção do quadro álgico.
Distensão do ligamento cruzado posterior (LCP)
Distensões nesse ligamento são pouco comuns no meio esportivo e geralmente outras estruturas são afetadas. A hiperextensão do joelho é o mecanismo mais comum dessa lesão, geralmente é ocasionado por trauma direto na região anterior da parte superior da coxa. No tratamento deve-se focalizar o quadríceps, uma vez que esse músculo fortalecido tende a deslocar anteriormente a tíbia, revertendo assim o sinal de gaveta posterior. A força dos músculos posteriores da coxa deve ser estabelecida espontaneamente sem exercícios específicos.
É importante o alongamento dos isquiotibiais, mas sempre tendo os devidos cuidados para não hiperextender o joelho lesionado. O fortalecimento do quadríceps deve ser priorizado com exercícios de cadeia cinética aberta (ex: cadeira extensora), mas em fases posteriores da reabilitação os exercícios de cadeia cinética fechada como agachamentos podem ser introduzidos, porém deve-se ter cuidado com a angulação, pois à medida que aumenta-se o ângulo de flexão, aumenta-se à tensão neste ligamento, sendo seguro trabalhar em ângulos menores que 50 / 60º (ESCAMILLA, 2001).
Tendinite patelar (“joelho do saltador”)
A dor na região infrapatelar é mais comum nesse tipo de lesão, porém outros fatores podem ocasiona-la:
Lesões da patela, como osteocondrite;
Patela com fratura de esforço ou polo inferior alongado e proeminente;
Hipertrofia do corpo adiposo infrapatelar;
Bursite ou doença de Osgood-schlatter.
A tendinite patelar está associada com mais freqüência a atividades repetitivas, ela foi primeiramente descrita em atletas de salto em altura (daí o nome de joelho do saltador) mas é quase igualmente edêmica em jogadores de basquete e vôlei. Além de atividades que envolvam saltos, atividades de corrida também costumam exacerbar esse quadro. A dor da tendinite patelar normalmente é de fácil localização, e acomete geralmente o polo inferior da patela, ou mais raro, sua borda superior. No tratamento o primeiro passo é a diminuição dos sintomas, e isso deve ser feito interrompendo as atividades que causem dor.
Tratamento com gelo, medicamentos, antiinflamatórios e exercícios isométricos do quadríceps são iniciados imediatamente e continuados até que os sintomas desapareçam. Deve-se fortalecer e alongar o quadríceps e os alongamentos deve ser feito pelo menos 4 vezes por dia, ao acordar, antes e depois das atividades físicas e antes de dormir. Durante o alongamento recomenda-se um mínimo de 20 segundos de manutenção da posição por 2 ou 3 séries. Os exercícios isotônicos e com mais cargas podem ser realizados assim que os sintomas de dor tiverem cessado e não causarem dor durante a execução.
Condromalácia patelar (“joelho do corredor”)
A condromalácia patelar é uma lesão da cartilagem patelar devido a degeneração prematura com amolecimento, fibrilação e aspereza dessa estrutura, nas quais, são semelhantes às relacionadas com a osteoartrite. A condromalácia pode ocorrer devido a trauma direto com conseqüente dano condral, ou resulta de qualquer condição que interfira com os movimentos patelofemorais normais, tais como variações anatômicas anormais. Essas variações podem ser causadas pelo aumento do ângulo Q, patela alta, insuficiência do vasto medial, oblíquo e desequilíbrio articulares. Esta lesão é mais comum em mulheres (devido principalmente ao aumento do ângulo Q) e ocorre prioritariamente em atividades como balé, corridas, ciclismo, voleibol, etc.
A dor é descrita como profunda e localizada na região retropatelar e pode ser sentida ao subir e descer escadas, em atividades prolongadas, após ficar muito tempo com os joelhos flexionados e ao agachar-se para pegar um objeto no chão. Em movimentos de flexão dos joelhos a dor é acompanhado de crepitação retropatelar facilmente audível ou sentida com a mão por cima da patela. O principal sinal para um diagnóstico consiste em mover a superfície da patela contra o fêmur. O tratamento é conservador, muito parecido com o utilizado no procedimento da tendinite. Estimular o repouso evitando atividades que provoquem a dor patelar, como correr, saltar, andar em salto alto e exercícios que promovam a flexão do joelho (ex: ciclismo e subir escadas).
A base do tratamento é constituída de exercícios que fortaleçam o quadríceps, principalmente o vasto medial oblíquo. Apesar de ser necessário o fortalecimento prioritário do VMO (vasto medial oblíquo), dificilmente essa musculatura pode ser isolada e fortalecida individualmente. Um estudo conduzido por MIRZABEIGI et al, em 1999 comparou a ativação do vasto medial oblíquo com o vasto lateral, vasto intermédio e reto femoral em 9 exercícios diferentes, os pesquisadores demonstraram não haver diferenças significativas entre os músculos concluindo então que o VMO não pode ser isolado durante os exercícios.
É recomendado que se realize exercícios isométricos para o quadríceps, pois não exacerbam a dor, fortalecem e envolvem movimento mínimo da patela. Já os exercícios de flexão de joelhos, tais como agachamento são indicados, mas implicam em uma sobrecarga muito grande sobre a articulação patelofemoral e resultam em exarcebação dos sintomas (CORRIGAN & MAITLAND, 2000). Apesar da tensão patelofemoral aumentar concomitante à flexão do joelho no agachamento, devemos ter em mente que o agachamento profundo mesmo realizado com poucas repetições e muita carga é menos deletério que atividades cíclicas de longa duração, pois na verdade o maior problema da condromalácia está no alto volume dos treinos. Outro fator importante neste tipo de lesão é o fortalecimento e alongamento dos isquiotibiais, flexores do quadril e abdutores.
Lesões de meniscos
Cada um dos compartimentos laterais e mediais do joelho contém um menisco fibrocartilagíneo em forma de meia-lua e de consistência amolecida. Os meniscos ajudam a aumentar a congruência articular, estabiliza a articulação, absorve choques e limita movimentos anormais, além de ajudar na nutrição articular e na lubrificação da cartilagem. Os atletas de final de semana são os principais candidatos às lesões dos meniscos devido ao condicionamento físico inadequado. A cartilagem pode sofrer ruptura na direção horizontal ou longitudinal, sendo esta última mais comum. Quando a lesão é grande suficiente atingindo longitudinalmente desde o corno anterior até o posterior é denominada “alça de balde” e o fragmento interno pode deslocar-se e assim produzir um bloqueio articular.
Em pacientes com ampla ruptura de meniscos deve ser realizada a meniscectomia, mas quando ocorrida na inserção vascular periférica, o menisco pode ser recuperado. Geralmente o tratamento visa aumentar a força do quadríceps, dos flexores e abdutores do quadril e deve ser combinado com exercícios para alongar os isquiotibiais e panturrilhas. Existem especulações quanto à sobrecarga causada pelo agachamento a estas estruturas.
Estudos demonstram que o pico de força compressiva no agachamento profundo varia de 550 a 7928N, mas nenhum estudo consegue demonstrar o quanto às estruturas articulares e meniscos podem suportar (ESCAMILLA, 2001). A partir de observações empíricas podemos avaliar que provavelmente os meniscos suportam bem mais que isso, basta observarmos que os jogadores de voleibol (ou outros esportes de salto) dificilmente tem lesões nos meniscos mesmo tendo forças (durante os treinamentos / competições) compressivas atuando nessas estruturas bem acima das encontradas no agachamento profundo.
Terapia com frio e calor como forma de tratamento e prevenção de Lesões
Atualmente as terapias com frio e calor tem sido muito difundidas na reabilitação de lesões, sem contar que, e a terapia com frio ainda pode ser utilizada na prevenção.
Crioterapia (aplicação de gelo):
Crioterapia (crio = gelo, terapia = tratamento) é o nome que se dá ao tratamento à base de gelo, usado há muitos anos como agente terapêutico. Sua principal aplicação está no tratamento imediato de lesões no esporte, na qual serve para resfriar os tecidos profundos pela vasoconstrição, reduzindo assim as hemorragias. Atualmente a crioterapia tem sido utilizada como meio preventivo para lesões, sendo comumente usada pelos principais clubes e atletas competitivos. A somação do estresse nos tendões e estruturas articulares pode promover uma deficiência nutricional nessas regiões com conseqüente isquemia local, e a aplicação de gelo nessas regiões promove uma hipotermia, reduzindo assim os níveis metabólicos e evitando reações de hipoxia secundária, que com certeza levaria a dor e incapacidade funcional.
A hipotermia causada pelo resfriamento articular também favorece a agregação molecular de líquido sinovial aumentando assim a sua viscosidade, na qual é um dos fatores determinantes na proteção da cartilagem articular. Os principais efeitos fisiológicos da crioterapia são: Anestesia, redução da dor, redução do espasmo muscular, estimula o relaxamento, redução do metabolismo local, redução da inflamação, redução da circulação com posterior estimulação, redução do edema e quebra do ciclo dor-espasmo-dor.
Dicas para o uso do gelo:
1- Uso imediato nas contusões - reduz o edema e alivia a dor. 2- Aplicar gelo em qualquer traumatismo ou contusão. Ex: Lesões musculares (contraturas, distensões), lesões articulares (entorses, lesões nos ligamentos), tendinites, hematomas, etc. 3- É recomendado que a aplicação dure no máximo 30min, sendo que na maioria das regiões 20 min já são o suficiente. 4- Nas primeiras 24 horas das lesões mais importantes use gelo por meia hora a cada duas horas. LAING, DALLEY E KIRK (1973) relataram que uma aplicação de gelo durante 20 minutos teve um efeito de até duas horas no esfriamento de músculos profundos. 5- Evite pegar no sono enquanto aplica gelo.
Contra-indicações:
O gelo não deve ser usado em caso de redução do suprimento sanguíneo (ex: Doença vascular periférica), também é contra indicado no caso de artrite pois, aumenta a rigidez articular.
Termoterapia (aplicação de calor):
O calor terapêutico tem efeito trófico, promovendo a vasodilatação das arteríolas e capilares melhorando o metabolismo da nutrição dos tecidos, liviando a dor e aumentando a flexibilidade dos tecidos músculo-tendíneos, além de diminuir a rigidez da articulação, melhorar os espasmos musculares e aumentando a velocidade e volume circulatório do sangue. Geralmente a terapia com calor é utilizada em lesões crônicas, ao contrário do frio que é utilizado em lesões agudas.
Contra-indicações:
Não aquecer regiões do corpo que estiverem anestesiadas, edemaciadas, inflamadas, feridas com sangramento, áreas com tumores, sobre os testículos, e sobre o abdômen de gestantes.
Estalos
A articulação pode apresentar estalidos como de vácuo que, geralmente, não tem nenhum significado e são comuns em articulações com hipermobilidade. Estalidos podem ser ouvidos e sentidos em torno das articulações, conforme tendões ou ligamentos deslizam sobre proeminência óssea, mas geralmente ele não tem significado clínico. No caso de dor, os estalidos pode indicar lesão no menisco.
Considerações Importantes
Durante o agachamento o estresse na articulação patelofemoral aumenta quando o ângulo de flexão aumenta (WALLACE et al, 2002).
As forças compressivas são maiores no agachamento realizado com as pernas mais afastas (afastamento esse de 2 x a largura da espinha ilíaca) do que com as pernas mais próximas (pés da largura da espinha ilíaca).
O agachamento deve ser feito de forma lenta e controlada na fase excêntrica, uma vez que esse movimento de descida feito de forma rápida e descontrolada aumenta muito as forças nas estruturas do joelho (ESCAMILLA, 2001).
O pico de força e o estresse na articulação patelofemoral foi observada com 90 graus de flexão do joelho (WALLACE et al, 2002).
O agachamento é considerado mais efetivo do que o leg press para o desenvolvimento muscular, porém deve ser usado cautelosamente em indivíduos com disfunções do LCP e patelofemoral, especialmente em ângulos acentuados de flexão (ESCAMILLA et al, 2001).
A maior ativação dos músculos da coxa acontece no agachamento (KVIST & GILLQUIST, 2001).
O vasto medial oblíquo não pode ser isolado de forma significativa durante os exercícios. (MIRZABEIGI et al, 1999). Um estudo feito por Escamilla e seus companheiros em 1998 no Instituto Americano de Medicina esportiva chegaram as seguintes conclusões:
O agachamento gera 2 vezes mais atividade dos isquiotibiais do que o leg press e a cadeira extensora.
A maior atividade do quadríceps acontece na máxima flexão dos joelhos em ECCF e na máxima extensão em ECCA.
ECCA produziu maior ativação do reto femoral enquanto o ECCF produz maior ativação dos vastos.
As forças compressivas tibiofemorais foram maiores na máxima flexão dos joelhos em ECCF e na máxima extensão em ECCA.
As compressões patelofemorais foram maiores na máxima flexão dos joelhos em ECCF e na máxima flexão e na metade da extensão em ECCA.
Conclusões
A maioria das lesões pode ser evitada apenas utilizando medidas preventivas.
Uma musculatura forte e com boa flexibilidade ajudam na estabilização dos joelhos e outras estruturas em geral. - Aplicação de gelo nas articulações é mais utilizada após a sessão de treino.
A crioterapia é uma medida preventiva de grande valia e tem sido indicada por grandes treinadores e profissionais de saúde.
A partir do entendimento dos conteúdos listados acima, podemos sugerir que a utilização de exercícios de cadeia cinética fechada são os mais indicados, principalmente o agachamento.
Além de ter uma maior ativação muscular, ele também é um exercício extremamente funcional pois, utilizamos movimentos parecidos a todo instante, por exemplo no momento de pegar um objeto no chão. Infelizmente esse excelente exercício não é bem visto por muitos “profissionais”, mas isso se deve ao fato de estarem desatualizados ou mesmo não terem domínio dos princípios que norteiam o treinamento desportivo. Com um treinamento bem elaborado, utilizando devidamente a recuperação e principalmente uma boa técnica de execução, o agachamento pode favorecer indivíduos saudáveis ou mesmo com joelhos lesionados.

Referências Bibliográficas
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